O tempo
As horas são castas malditas
Arrastam as vestes do tempo
Fazem vergar as asas eruditas
Infestam de ódio o pensamento
Se põe a sangrar suas feridas
Que jorra agora pús e sangue
De uma inocência pervertida
E o demônio que a lambe
Ria agora de seu tempo retrógrado
Vendo nos tempos perdidos as chagas
E a decomposição de seu passado
Que das feridas só restam marcas
Vivendo acoado sobre peias
Resmugando lamentos bastardos
De uma vidinha insatisfeita
Vendo satã lhes lançar os dardos
Faça a vontade de sua carne pôdre
Infestando o mundo com seu cheiro
O leve odor de uma morte
Vindo de encontro o carniceiro
O tempo leva sua aparência
Sua vida é apenas um escopo
A beleza se torna uma carência
Te fazendo lembrar que nasceu morto
Sua vida era a pobre aparência
Que o tempo devolveu ao esgoto.