POEMA DO PRESENTE
dos mais belos presentes,
compartilhei
quando nem todos os presentes eram assim tão belos.
Dado,
deixei-me
[muito visivelmente]
desembrulhado por sobre a cama
em meio a tantas e muitas fitas branco-sedas.
presente, sou
um presente dado assim em meio a tantos ausentes:
um grande tudo, um grande nada!...
autêntico e dissimulado,
poeta e funcionário,
mãos e coices,
pás e lixos,
[e, assim mesmo, um bom companheiro]
um parceiro pronto para quaisquer horas gastas...
pau pra toda obra,
egoísta, na nossa, doador,
vazio de cheios e cheio de vazios,
antes, de língua presa e hoje, de língua solta,
[merecedor e indigno]
das pancadas e das carícias
dos dedos a cortar as fitas branco-sedas.
Ler-me-ás em cartão?