O LADO DO ESCONDIDO

guardei-me em ti

não por coragem de escuro, não por solidão de amizade,

nem pela mãe desconhecida.

Em ti,

[escondidinho]

desapareci como se quisesse jamais ser achado...

dentro de ti

[escondidinho, descobri]

que as mulheres também têm dilúvios,

faltas de vento,

calores maiores do que um belo par de meias,

entradas para o espaço

d’um só coração

[justíssimo]

sem o vício dos bebidos,

sem o truque dos malabarismos,

sem fingir, por acaso,

dores jamais nunca tidas ou remendos com esparadrapo.

[estou morador em ti!]

Assim,

guardei-te em mim,

como se fosses uma inquilina jamais desapercebida,

[morada]

apesar da minha euforia de homem

que quer futebol, que quer almoço ao meio-dia, que quer amigos,

que quer acordar, quer sair,

que quer dormir e ficar

[guardado]

pra sempre em ti,

mesmo que todos carnavais venham a passar.