O nada

me cansei das rimas fracas!

me cansei de falar sobre dor de cotovelo,

histórias de amor interrompidas,

gravidez indesejada!

também não quero falar de religião,

de arroz ou feijão,

dessa vez vou falar sobre o nada.

o nada que há entre mim e o infinito,

o nada que há na panela de pressão,

o nada que há no chão de concreto,

o nada que desce a escadaria pelo corrimão.

percebe que o nada não é tão vazio assim?

o nada tá em tudo que é lugar.

se você rala o joelho, não foi nada.

se não ouve o que disseram, não foi nada.

alguém bate a porta na sua cara, e não foi nada.

no fim,

o nada é o que a gente respira,

o que a gente fala ou silencia,

o que a gente come ou deixa no prato.

o nada tá por aí gritando pra ser nada,

de uma vez por todas!

o nada tá cansado de ser um monte,

o nada quer ser uma coisa só: nada.

Fernanda Galhardo
Enviado por Fernanda Galhardo em 13/02/2007
Reeditado em 13/02/2007
Código do texto: T379428