A ILUSÃO DO RELÓGIO
Ponteiros apressados,nem se cumprimentam!
Absortos num "tique-taque" infinito...
Trabalha incansavelmente o relógio,
Fiel, pontual, servo digno!
Formas geométricas de vários tamanhos
Enfeitam museus, paredes e punhos...
Alguns cobiçados...já são jóias raras !
Descartáveis passeiam pelo submundo!
Aqueles famosos são até monumentos!
Enfeitam as praças qual o "Big-Ben"...
Que encanta o mundo, turistas de longe,
Com a hipnose do seu"vai e vem"!
De corda, ainda são aqueles mais nobres...
Dedicam-lhes então qualidade suíça!
E mesmo o mais simples, moderno, a quartz...
Trabalha esforçado e jamais espreguiça!
Modelos de infância com a criançada,
Que trazem consigo seus "super-heróis",
Ignoram contudo,que o tempo passa...
E não se dão conta de como isto dói.
Carrilhões portugueses tão soberanos,
Imponentes decoram o chão do Verssailles,
Das mãos do artista, raridades de bolso,
Minúsculas peças, indescritíveis detalhes!
O cuco que canta, me parece assustado!
Esperto anuncia que a hora é plena.
Delata o tempo que corre, malvado!
Envelhece os dias, nos coloca algemas!
De ouro brilhante ou verde esmeralda
Pomposos desfilam em lindas princesas,
Somente a elas escondem a verdade
Do tempo que passa, com toda certeza!
Nunca descansam e mesmo "estressados",
São parecidos com a vida da gente!
Cumprem tarefa ,mesmo angustiados...
Testemunham tragédias e momentos solenes!
O despertador sobre a cabeceira,
Intruso interrompe os sonhos de alguém
O rádio relógio sempre preocupado...
Tempo programado, não perdoa ninguém!
Eu gosto de olhar os ponteiros girando
Mas confesso a todos o que me convém:
Parar o relógio dentro da fantasia...
De que o tempo me esqueça, ou me queira bem!
SP, Janeiro de 2001