Maresia

Enquanto a gente trabalha,

Enquanto a gente tem fome,

Enquanto a vida se espalha,

O Estado se desgoverna.

Enquanto a gente pensa,

Enquanto a gente sofre,

Enquanto a gente bebe e se torna egoísta,

A desigualdade aumenta.

Enquanto as mães choram pelos seus filhos,

Enquanto os pais se perdem pelos trilhos,

Enquanto os nossos meninos se perdem sem lar,

Alguém nos salões nobres dividem a fatia do lucro, do roubo ou do furto, que o suor do povo em suas mãos colocou.

É a nossa miséria esculpida,

É a nossa voz retorcida,

É a nossa vida bandida,

É a nossa esperança crucificada.

Os nossos medos,

As nossas necessidades,

As nossas dificuldades,

Eles não querem nem saber.

Já está na hora da sociedade acordar,

já está na hora de voltarmos para casa,

Já está na hora de rezarmos nas igrejas,

Já está na hora de voltarmos a viver.

Chega de inventismos,

Chega de achismo,

Chega de castigos...

Temos direitos,

Precisamos exigir respeito.

Pois do jeito que está não dá.

Se você se sente bem...

Hoje alegre,

Amanhã não tem.

Pois o que está atrás da porta, não é o escuro,

São nossos muros,são balas perdidas,

São nossos irmãos, que morrem de fome e querem um lugar para morar.

Olhe bem está chegando a hora.

Hoje não é você quem chora, mas amanhã...

Não tenho duvidas da situação.

Você será em muitas vezes as dores...

A desilusão.

Veja lá...

O que aconteceu ao menino do Rio de Janeiro,

O que os políticos de Brasília negociam todos os dias,

Veja a vida nas novelas e sinta a realidade que o espera.

O carnaval outra vez está no ar...

Sufocando as lágrimas do povo,

Escondendo a miséria

Matando a fome com a morte de quem já não tem esperanças.

E você é eterno?

Você já amou ou deu de amar?

Muita gente morre de fome nesse País rico, enquanto a gente continua a procurar no consumo das coisas um único valor, para nos identificar.

Alberto Amoêdo
Enviado por Alberto Amoêdo em 13/02/2007
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