Obsceno


 

 


Esses pássaros entediam...
porrada neles.
Vamos fazer um terno de penas.
E todos irão pra Hollywood,
para se emocionarem da cintura para baixo.

Droga...olhe isso direito.
Pensei que era um tiro de 12 no peito,
mas era só saudade.
E eu nem percebi como somos estúpidos...
estamos todos em Hollywood.
Acenda seu holofote pessoal...
mas não faça pose para os flashes.
É a luz dos carros de polícia.
Não faça uma boca sensual e olhar blasé...
você está sendo fichado na delegacia.
Não emagreça para entrar no terno...
não somos pessoas bonitas.

Por favor, não tente me tocar...
nem compre meus sonhos como se fossem seus.
Eu apenas busco o sofrimento artificial,
para ter o que escrever pra você.
E não está todo mundo procurando alguma coisa?

Eu causei todo esse incêncio,
para tornar mais dramática a cena.
Há chantilly nos extintores,
e os bombeiros são poetas figurantes.
O sofisticado está apenas
no enquadramento da câmera.
E eu não me sinto melhor depois,
quando a vida tem cheiro de merda
e o pensamento não reconhece seu dono.

Mas quem se importa?
Estamos todos em Hollywood...
E eu durmo com os anjos,
eu passo a mão na bunda deles.
Eu abraço a decadência da aparência,
em nome do seu circo de consumo imediato.
Me amem, me desejem, me comprem.
O que há com você?
Você também quer ser errado,
no meio das luzes palco.
No meio da fúria enlatada,
onde os macacos imitam a eternidade,
e os homens choram a foda fracassada.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 29/07/2012
Código do texto: T3803197
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