Há um pouco de escuridão dentro de mim
Essa noite fria
vaza pelos meus poros,
escorre pelos recônditos
sujos da minha essência.
Uma cidade destruída
passa por mim,
sinto um fogo corrosivo
atravessando meus sentidos
a carbonizar minha fé.
Carrego um cemitério
dentro do peito,
e a criança imolada
que se perdeu
nesse jardim de mágoas,
sangra e chama por mim.
Por um momento,
meu coração enlutado
vela por sua alminha
sobre um túmulo sujo
e coberto de folhas.
A sociedade produz
seus monstros e fantasmas.
O sangue amargo das
desilusões contamina
meu coração envolto
em trevas e neve.
Minhas fúrias e febres
afogam-se em vinho,
frio e solidão.
Acordo atordoado
sobre o banco
de uma igrejinha vazia.
Penso no menininho morto
e rezo por sua alminha.
Thiago Cardoso Sepriano