Sasha







 

Ela havia deixado o amor entrar,
não sabendo exatamente a que tempo.
Em que momento as engrenagens do relógio,
haviam determinado esse tal evento?
Só soube que em um instante se deteve
diante do espelho para frisar os cabelos,
e para empoar a pele, até ficar como gesso.
Os olhos reviraram-se como que em delírio,
ou possivelmente tendo visões do paraíso.
Contornados por um negrume doído de noite,
procuravam a essência num frasco oculto....
Um perfume tão fugidio quanto a inspiração.
E das madeiras e flores maceradas aprisionadas,
fez a segunda roupa que ao seus espírito vestia.
Toda a beleza contida num segundo ao dia,
residia na espera por uma chegada, talvêz tardia.
Quando abrisse as portas, ele entraria,
beijaria suas mãos trêmulas, tão tímidas,
e assim que aquele encanto terminasse,
talvez pudesse dizer toda a enormidade do que sentia.
Mas o mecanismo do relógio aprisiona o eterno,
e fora de suas engrenagens, apenas a novidade....
nenhum segundo como aquele que antes vira...
Depois dos lençois amarfanhados, da cama vazia,
o amor vai embora, sem nenhuma culpa pela ferida.
E outros corpos, mais vazios de toda a vida,
por aquelas portas passariam, como as alegrias,
que até seus ouvidos chegavam numa única voz,
cujo retorno, nunca sabia se algum dia novamente teria.
Corpo usado, apenas um alento num átmo perdido,
entre calças que tão rápido desciam,
e a lembrança quase perfeita num perfume escondido.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 04/08/2012
Código do texto: T3812723
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