Se eu nunca soubesse disso

“Se eu nunca soubesse disso,

era feliz sem saber.”

(Ismael Gaião)

Eu não sabia de nada

quando você escreveu.

Parece, agora, que eu

vou entrar nessa jogada

porque a palavra dada

há muito deixou de ser

jeito certo de dizer

e cumprir um compromisso.

Se eu nunca soubesse disso

era feliz sem saber.

Era feliz qual menino

a perguntar o porquê

de tanta coisa a fazer

que se perde em desatino

de quem governa sem tino

e na grana dá sumiço.

Se eu nunca soubesse disso

era feliz sem saber,

ficava sem conhecer

e sem fazer rebuliço.

Mas meu Padim Padre Ciço

alertou todo o sertão:

"Meu filho, não caia, não!

isso é coisa e tem feitiço!"

Se eu nunca soubesse disso,

era feliz sem saber.

Padim Ciço foi dizer

mas não ouviram a fala

e na urna o povo cala,

fica tudo por fazer.

Inda dá pra arrepender

e refazer compromisso.

Se eu nunca soubesse disso,

era feliz sem saber.

Mas eu sei. Que vou fazer

ante tanta embromação?

Vou esperar eleição

e dar meu voto certeiro,

vou dizer pro mundo inteiro

que não engulo essa, não!

Se eu nunca soubesse disso,

era feliz sem saber

que o voto, sim, faz valer

todo e qualquer compromisso.

O voto nulo é sumiço

em qualidade de vida.

Sua atitude é devida

ante a miséria do povo.

Tenha um compromisso novo

numa voz bem decidida.