Efígie

Na hora da palavra,

o silêncio.

Não há de ser em tão

silábico gaguejo

que marcharei ao púlpito

e entregarei minha flor azul

ao desmanche.

Indiferente ao meu protesto,

o silêncio me toma em reveses

como fosse desjungir minha alma

e nem Deus em suas desinências

se interessa:

o homem conhece enfim

sua própria condenação.

De sôfrego azul banhada

sob o jugo dogmático da felicidade

a memória é sorvida de silêncio,

escatológico,

inevitável.

O consentimento das coisas findas

tão absoluto, que não admite

sequer este epitáfio.

claudia lidroneta
Enviado por claudia lidroneta em 11/08/2012
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