Imperfeito
Algo veloz, irrequieto
Sobressai na penumbra do anoitecer
Nada se vê, porém o tudo é você
O raiar da noite é malévolo
Criaturas indolentes que se contorcem
O prazer marca nossa aproximação
Notam expressões aturdidas, resolutas
Mais que simples alucinação
É um dar e receber sem conta
Na escuridão perfeita da noite
Em que pousados em teus ombros
As asas negras fechadas
Tolhidas momentaneamente de movimento
Os desesperos que te assolam
Ronroneiam insatisfeitos
Ousou um dia um homem
Mover-se na calma escura
Perdeu-se a luz que havia
Na calma feliz do seu ser
Entorpecido, jazia feliz em seu leito
A chama da paixão consumindo seu ser
Retorcendo-se, galgou o ápice do desejo
Destemido, tornou-se um homem
A harmoniosa fusão dos corpos
A grande lei da dualidade
Manifestação dual e una
Era a mais suprema experiência
A elevar seu espírito impuro
Rumo ao campo em que o prazer
É o trunfo maior da criação.
Carlos Cruz & José Carlos Bonifácio - 1990