Diário de bordo (apontamentos)
Não sou mouro, nem templário.
Não raro, sou o ás de espadas;
noutras vezes, sinto o nojo das rimas recitadas
por dentes sujos com restos do jantar.
O que eu tenho são sonhos.
O caminho que é o meu caminho é de terra batida.
Tantas pessoas por ali já passaram!
Foram e voltaram...
Lamento o terem pavimentado agora
com este calçamento de pedra.
Meu tênis conhece bem a estrada,
mas os passos não ficam mais desenhados.
Faço da desobediência a minha arte:
onde há simples desejo, vejo amor.
(Todas as mulheres tortas
beijam somente com os lábios:
seus corações estão guardados
em caixas fechadas
com lacres e laços).
O transe da noite me faz pensar na Vida,
essa devoradora de ilusões...