O TEMPO

Não quero que o tempo passe depressa

Pode demorar o tempo de uma saudade

O tempo da gestação longa e incerta

Quero que o tempo germine lentamente

Entre dias férteis da minha existência

A passagem rápida do tempo me tira a paz

E projeta-me demais para um futuro que ainda não quero ver chegar

Os dias vão passar assim como as noites

Pessoas passarão

Pessoas sairão de cena e darão lugar

A novos protagonistas

Ah, mas a saudade daqueles que se forem

Amargará os dias solitários que hão de vir

Sim, porque há dias de intensa presença

Assim como há dias em que ficar só

Não será uma escolha

E o tempo que passa depressa

Atropela sonhos e impõe sua presença

Avessa aos dias em que se quer mais calmos

Ah, o tempo, esse que passe devagar

Assim como é a passagem de um trem pela estação

Deixa-me reparar a paisagem, as pessoas, os detalhes

Coisas que só quem tem tempo pode notar

Na correria dos dias, o tempo tão rápido

Rouba a calma, a novidade, o melhor daquilo que se precisa mostrar

Tempo que passe lentamente

Quero ver crescer minhas filhas

Quero tê-las como crianças mais do que o tempo da infância

Um tempo curto que não tem volta

Quero o sabor dos beijos desinteressados

Dos abraços apertados

Do colo que ainda posso acalentar

Tempo. Não passe tão depressa

Deixe que eu saboreie a mãe já idosa

O cheiro do café na cozinha

O trabalho e a correria do dia a dia

Os amigos que ainda estão comigo

Porque tudo isso

O tempo vai levar e tudo há de passar

Por isso, por que a pressa

Em levar aquilo que já é seu

Tempo, uma presença constante

Um inimigo vigilante

Um amigo silencioso

Que nos ensina o

Valor de esperar.

(texto elaborado em 11/07/2012 às 15h40)

– sobre a brevidade da vida, sobre a correria dos nossos dias incertos, sobre o medo de passar os dias sem senti-los. Uma ode ao dia que vai e volta a cada amanhecer. Título: O tempo.)

SUELY ROMERO
Enviado por SUELY ROMERO em 20/08/2012
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