Teus olhos

Por cima e acima da minha pele,
recém-rasgada, pelo pulo ao trampolim
me estendes teu véu de lua
molhada no declínio do orvalho, deixando-me assim...

Ai! esses teus olhos negros,
belos olhos negros, como a vastidão da noite!
Assaz me farto, cobrindo-me, deste lençol rendado
a lua enciumada, ferindo-me de açoites

Ainda que nesta noite,
estrelada, esburacada, remendada
como colcha de retalhos, tão somente
então só nossa já pintada

Soem perguntas ás árvores
que sombreiam alamedas e desejos
a largura, o comprimento e a altura
do arco-íris e as cores em despejos

Soltando da ânsia os gritos
de calabouços e ferrolhos, o brado da garganta que agoniza
ao galanteio das folhas e árvores passantes
quando passa a donzela que em clausuras me escraviza...







 
Allves
Enviado por Allves em 22/08/2012
Reeditado em 23/08/2012
Código do texto: T3844374
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.