POEMA PARA QUEM NÃO CONHEÇO

Quando a vi foi como uma explosão

Um vulcão acordando depois de dormir a extinção

Um jardim espreguiçando no colo de um beija-flor

Um oceano poetizando a lua.

Não sei em que rua você mora

Para onde viaja nas férias

Qual sua comida preferida

A cor de que você gosta

A música que traz lembranças

O filme que a emociona.

Seus lindos olhos são a porta para todo esse mistério

O fogo que acende na tempestade

A luz que me trouxe até aqui

Sem motivos aparentes

Que justifique esse platonismo

Sem querer, meio sem sentido.

Quando a vi tive a sensação

De estar sentado ao lado de Neruda

Sentado em uma varanda em Santiago

Ouvindo-o contar de seus amores.

É como estar bebendo vinho

Admirando um Portinari.

É como dançar valsa

Tocada por uma orquestra de Bachs.

Digo isso encabulado

Pois não sei o que você pode vir a pensar

Mas aceite esse poema

Nem que seja pelo bem da literatura.

Ricardo Mezavila
Enviado por Ricardo Mezavila em 26/08/2012
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