Onde Estás?

É quase noite

Na palidez do horizonte

As mãos desatam-se

Ignorando o silêncio

E escrevem a tua falta

A mesma palavra incontida,

Inadiável, urgente e apenas tua:

Saudade

Não diria nada

Não fosse a voz

Desta tua ausência

Acordando-me as letras

Tudo se anuncia

Na ânsia da invocação

Soubesse as frases sutis

Que repousas em teus lábios

E que furtivas silenciam-me

Enredo-me nas palavras

Nos fios de cada sílaba

Que te tecem no horizonte

Fazendo do teu nome

A linha das minhas mãos

E vago, vôo sem retorno

Ao meu único destino possível

Onde me alças o pensar

E me roubas de mim

Na nudez do meu olhar

Despertam dias e noites

Espetáculo vão

Para os meus olhos

Perdidos entre lembranças

Retrovisores do tempo

Onde estás

Que não me alcanças?

Para que me servem

Todas estas palavras?

Derrama-se em meus lábios

Um mar de indagações

Hoje queria apenas teus olhares

Para que finalmente te encontrasses

No espelho dos meus olhos...

Fernanda Guimarães

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Fernanda Guimarães
Enviado por Fernanda Guimarães em 10/02/2005
Reeditado em 25/08/2008
Código do texto: T3862