A nobre senha

Se a lida humana me há de torturar,

Não lhe vou aceitar o sofrimento.

Por cada alma sofrida vou cantar

Um verso de protesto e de lamento.

Inda que me detenha um deus no intento

E me arrefeça e me arremesse ao mar,

Ou transformado em cisne violento

Me acorrente e me queira fecundar,

Nada! nada haverá de me curvar!

Enquanto sobre a úmida terra eu gire

E sobre ela a dúvida respire

Nada! nada haverá de me curvar!

Enquanto d'alma escassa prova eu tenha,

Não hei de crer que a lida humana é a nobre senha.

Cirilo
Enviado por Cirilo em 20/02/2007
Reeditado em 12/03/2014
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