A nobre senha
Se a lida humana me há de torturar,
Não lhe vou aceitar o sofrimento.
Por cada alma sofrida vou cantar
Um verso de protesto e de lamento.
Inda que me detenha um deus no intento
E me arrefeça e me arremesse ao mar,
Ou transformado em cisne violento
Me acorrente e me queira fecundar,
Nada! nada haverá de me curvar!
Enquanto sobre a úmida terra eu gire
E sobre ela a dúvida respire
Nada! nada haverá de me curvar!
Enquanto d'alma escassa prova eu tenha,
Não hei de crer que a lida humana é a nobre senha.