Paixão Marajoara
Não tem em lugar algum.
Fundida a sol e chuva;
Banhado a pau mulato,
Capim marinho e Paticholim,
Benzido em água de igarapé;
Ao pé da Virgem Maria.
Adoçado em flor de mururé...
Com beijo a gosto... Cupuaçu, Taperebá, Bacuri,
Cutitiribá, Ajuru.
Degustado ao leite da castanha de nossas matas.
Em cheiro entremeado ao óleo de andiroba com tucupi ,
Sob a pressão da procissão do círio de Nazaré...
Quando não, envolto na folha da bananeira, é pausado no carimbó.
Se topares com o boto, tomadas a beijo e conforto;
Não há mais de querer ir.
Sabor Marajoara é assim, só se encontra aqui.
Enfim,
Enfeitiçadas pela Matin...
Ai de ti;
Ai de mim que se procurares, eu te encontro,
Sempre em brasa,
Nos arredores das casas da cidade velha;
Sob o túnel das sombras de nossas mangueiras,
No colo pátrio de nossas parteiras.
Te cerco pequena de Guajará a Guamá.
Não é ilusão, estás no Pará.
E se teu coração topar com um boto daqui...
Ai de ti...
E se teu coração topar com uma índia daqui...
Ai de ti...
Não há compaixão.
Um beijo extasiará a alma em açaí, ... chuva fina na flor ao pôr da tarde,
Entre uma revoada de Guará e o calor do tacacá...
O amor ao luar das matas abraçadas ao rio,
Sob o som cativo dos nossos pássaros
Versarão a canção... Em solfejos soltos,
Que desarmara a essência de tuas forças,
Inventando maviosamente a inocência,
Vista nas brincadeiras de quintais;
Vista no céu dos manguezais...
Que não esquecerás jamais.