***PRECISÃO***
desdenhou o amor
como se não passasse
de sentimento banal
infértil, vil, malévolo
provocando sem piedade
lágrimas de mar
marejadas de saudade
angústia, desespero...
sem nada entender
viu entrelaces que num
sem querer se rasgaram
desataram, romperam
como céu em tempestade
que se abre em pranto
e corrói todo encanto
de um lindo dia...
seguiu em passos lentos
a direção dos desiludidos
levando só na bagagem
o vazio de si mesmo
sem saber como chegar
onde procurar
perdido a esmo
da própria identidade...
é preciso se encontrar
construir nova rota
improvisar um destino
reinventar um sentido
talvez, não para curar a dor
mas pelo instinto genuíno
da sobrevivência imposta
pela própria espécie...
não pode insistir
em morrer de amor
seria descuido, absurdo
ilógico, vão
patético, injusto
tamanho desatino
por qualquer amor que
não se faz merecedor...
melhor será se perder
no tempo que passa
que cura, engessa dores
renova esperanças,
recupera perdidos
regenera feridas
se impõe à morte
descortina vida...
Nikitita... a poetinha de Niterói