Extrema

Extrema

Sinto a extrema necessidade de decompor-me

separar meus pedaços podres

meus miúdos, meus miolos

Meus amores de sonhos adornados

As partes pequenas das fantasias

e a melodia que deixei na partitura amarrotada

e não compôs o meu desejo

nem a minha tardia rebeldia.

Sinto a extrema necessidade de decompor-me

Esmiuçar os meus segredos

Calçar meus velhos sapatos

Constatar minhas medidas

Eu sinto os meus extremos colidirem

Carne e alma digladiam-se

Anseiam sorrisos, esquecem faces

Se revezam em golpes férreos

me cortando aqui por dentro

E eu sou cortada ao vento,

ao mesmo tempo sou espada

meus pensamentos estão ensaguentados

minhas mãos dolosamente culpadas

Se decompõem em versos atormentados

Cristhina Rangel.

Cristhina Rangel
Enviado por Cristhina Rangel em 14/09/2012
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