A INFAME DESPEDIDA

Convencido agora estou de que partistes,

Só preciso entender o sabor de nos deixares tristes

A mim e aos pedaços deste eu há muito esmagado

Por constantes partidas das quais sempre retornavas

E que em voltando esperança fomentavas

De que era a última, restando o ciclo de idas enfim já terminado.

Como vestígio, de concreto, em absoluto, nada

Deixastes aqui para que sempre sejas lembrada

Por nós que degustamos o travo da ausência tua:

Calcinha suja, nasal meleca endurecida

Tira de papel com adeus de suicida

Ou foto gasta para a qual posastes nua.

Nem a letra da canção emitida com tua voz desentonada

Que não aprendi porque toda vez que ouvia aquela toada

Tapava eu os ouvidos ou, de pronto a correr saía...

Tuas impressões digitais pela casa inteira pesquisei

Apagastes todas, delas nem vestígios encontrei

Que faremos nós, eu e meus restos no extremo da agonia?

As farpas que certa vez no colchão deixastes

Voltadas para cima como perfurantes hastes

Previamente em venenosa substância mergulhadas

Para que eu, espetado, por imediata morte fosse abatido,

Nem elas encontrei e se não houvessem sumido

Eu introduziria, para minhas carnes serem afinal assassinadas.

Imagino-te agora rindo em altissonante gargalhada

A se comprazer com a dor que sinto, Oh! debochada!

Portando-se como sempre foi de teu feitio:

Arrebatando o que achavas ser de exclusivo direito teu

O que, afinal, representava tudo e me negando o que era meu

Um mínimo afeto...mas, faz de retorno o caminho, que EU TE ACARICIO!

Alfredo Duarte de Alencar
Enviado por Alfredo Duarte de Alencar em 18/09/2012
Reeditado em 18/09/2012
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