NOVO SÉCULO

Domingo, fim de tarde

Bancos vazios ocupam a praça

Crianças brincam de esconder da polícia

Enquanto flores crescem sob a chuva ácida

Passeio sobre o asfalto velado

Há solidão em copos e calçadas

Recito teorias em muros caiados

Sigo, na insistência da metáfora

Tentando não mutilar meus sonhos

Minhas ideologias - utopias ou não

Resistirão ao desespero da prece

Que avança com a escuridão?

Ou perecerão à imagem no concreto

Ao fascismo do número de mortos

O terror e o teatro na voz da notícia

Que produz fantoches resignados

A receber esperanças maltrapilhas!

Resistirão a esta tarde cinza

Ao medo fardado nos olhos

E ao pranto lúgubre da alma

Que não aceita os discursos prolixos

Nem o silêncio dos entrincheirados

Indago, com a violência do verso

Com a abstinência do hábito.

Franciane Cruz
Enviado por Franciane Cruz em 21/09/2012
Código do texto: T3893662
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