PORTO INSEGURO

Um poema é devaneio.

Anseio.

Dor de saudade.

Navio, assim, à deriva.

É gosto de eternidade.

Poema é porto inseguro,

é grito alto no cais.

É partida e é regresso.

É também um querer mais.

Poesia é mar de palavras.

Mergulho na imensidão.

Nova explosão do universo.

Um bailarino sem chão.

Uma existência à procura...

Tradução de solidão.

Espaçonave que estoura

aos olhos da multidão.

É uma semente no ar.

E, às vezes, erva daninha

que sai de dentro da gente

e se espalha formando linhas.

É um amor que não deu certo

ou ainda uma ilusão.

Pra muitos – fratura exposta.

Pra outros – uma oração.

Poesia é veia pulsando

por tristeza ou alegria.

É soldado em plena guerra

lutando sem covardia.

Poesia é tempo pretérito,

é futuro e é presente.

É conexão que liga

os sentimentos das gentes.

Poesia é como o olhar,

como a janela da alma.

Um constante observar...

É um retrato perfeito

dos poetas que se guiam

pelo que trazem no peito.

Goimar Dantas

São Paulo

22/02/07

Goimar Dantas
Enviado por Goimar Dantas em 22/02/2007
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