Vampiro

Seu beijo amargo é tinto e mascavo.

Colorido de dor,

temperado com sal,

recobre minha boca

com prazer e com mal.

Engole minha carne,

consome meu olhar,

mordendo meus lábios,

arrancando minha paz.

E quando misterioso me deixa,

cubro o rosto, sorrindo, em suave torpor.

Chorando feliz, declaro em silêncio

o seu baluarte e o meu amor.

Um dia, penso eu, ainda acorrento meu senhor!

E enquanto o beijo, serena e tranqüila,

percorro com ele a catedral da dor!