Os três dias do homem
É o primeiro dia...
E quando a hora é de ser criança
A amendoeira que se cuide
Não é possível adiar as peraltices
De quem por seu intermédio
Está descobrindo a arte da sobrevivência
É o segundo dia...
E quando a hora é de ser adulto
Que as pedras pontiagudas do caminho
Não lhe ousem barrar o caminhar
Quem leu Drummond
Sabe muito bem como prevenir-se delas
É o terceiro dia...
E quando a hora é de envelhecer
Não adianta acender a luz
Qualquer caminho leva à obscuridade
Enquanto a canção do repouso
Prenuncia a hora de dormir.
José Carvalho