O Vilarejo

Assinalados não se sabem sob os pés de mexerica.

O mato está cheio de bem-me-queres e dormideiras,

O gazeio diminuiu o andamento até desaparecer.

O céu alaranjado poesia-se como um adeus.

Lambari berra bobices escondido na copa de um pé de jamelão.

De longe é a árvore mais engraçada que se pode ver.

Ele transforma um junquilho em girassol,

Moteja das pedras com seu cutucador de solidão.

Uma formiga trabalha para os astros como quem desenlata amanheceres.

Um filósofo é batizado no rio-pomba,

Porque a razão deve ter asas

E não manter a vida em cárcere privado.

Os urubus comem o esplendor porque são pequenos.

Um arco-íris morreu atrás do cemitério dos macacos,

Dizem que foi de felicidade,

Mas eu nunca vi.