Bicho-de-seda

Uma tulipa suspira ao final de uma carta de cintilações,

Palavras com tintas de um elevador de estremecimento.

A fêmea de um lilás prefere afagar escórias.

Uma cotovia embriagada canta música do Vale.

A cana não cura a dor de um anjo da primavera.

Quando o silêncio é claro, nada se esconde no betume.

Um estorninho mora em casas de bambu cobertas por folhas de bananeira,

Chupa caramelo de cachaça do Zé Tanoeiro.

Quem vive de passarinhar a razão pode reconciliar desencontros.

Certa vez um bicho-de-seda teve um beija-flor nas mãos,

Tinha Aquarela para dilatar carrapichos,

Era bocoió como amores de abio.

Agora, está sentado em frente a capela das figueiras

À espera de mariposas que enluaram verão.

Há larvas que estão na frequência das galáxias.

Uma vez disseram que um jasmim branco havia morrido,

Era tempo de ser imortal,

Eu nada sabia das flores.