Um tempo passado e limpo

Euna Britto de Oliveira

Site de Poesia: www.euna.com.br

Ouço passos de passarinhos

Sobre a telha transparente da área,

Deliciosos passinhos...

Estão catando o quê, os pobrezinhos?...

É bom e curioso ficar em casa sozinha.

De primeiro, eu achava triste.

Agora, acho até bom!

Eu mesma optei por não ir ao clube

Nem ao sítio...

Esta é a hora em que consigo inventar

Estabelecer harmonias

Atender à porta a campanha do quilo

Correr quando o telefone chama

Colocar a ração dos cães

Jogar verde para o coelho...

Leio partes da vida de Sta. Terezinha

E me afino com ela.

Ela se comunica através de rosas...

Este é seu código.

Sirvo-me algum alimento simples,

Um almoço franciscano.

Por que as pessoas se enganam tanto e deliberadamente?

Por que compram e consomem tanto?

Por que acumulam tanto?

Seres humanos,

Brasileiros há que não têm um palmo de terra

Onde possam pisar e dizer:

—“Isto aqui é meu.”

Esconder-se, em vez de morar, pode.

Barriga vazia, não pode.

Fiquei conhecendo licor de cambucá.

Há poucas frutas e flores

Que podem ser apelos a pensamentos da carne:

Bananas

Flor do antúrio...

A maior parte é sem censura.

Abre-se uma rosa cor-de-rosa

O amor me solta... e segura!

Flor-de-lis é flor tão pura!...

Justo por ter nascido,

Haverá um tempo

Em que terei sido

Criatura...

Euna Britto de Oliveira
Enviado por Euna Britto de Oliveira em 24/02/2007
Código do texto: T392208