Atalhos e retalhos

Está tudo tão mofado, porém no seu devido lugar.

Aquelas cartas, aqueles discos, aquelas músicas, aqueles livros...

Até a sua inicial se foi do alfabeto grego.

Mas, em tempo algum, abandonou meu cerne.

De fato, nunca pertencemos corpos um ao outro.

De fato, continuarei sempre a dizer que fomos traçados por um destino chamado atalhos.

Atalhos tão eternos e profanos enquanto duravam tal enlace.

Atalhos de amor,

Atalhos de choros,

Atalhos de pudores,

Boemias e incertezas.

Atalhos de mais altas e sinônimas fisgadas por viadutos e vielas ao cair das noites frias, do teu amado Corcovado.

Compostos de achismos e feitiços de um elo existente quase nunca inexistente, porém quente.

Sempre quente com gostos doces singelos e alguns amargos pequenos, raros.

Está tudo tão deserto agora....

Mas continuarei a dizer que estarás em todos os meus retalhos,

Porque deixastes ao longo de meus cabelos, atalhos de teus cheiros,

Ao longo de meus sorrisos, teus detalhes mais precisos.

Por volta dos meus dedos, acordes mais bem cifrados.

Por minha voz, melodias mais prosódias.

Está tudo tão mais frio agora.

A dor predomina,

A chuva cai tão lentamente por meus braços,

De onde me vem a lembrança do acalanto de teus braços.

O corpo fadiga,

A voz treme.

A saudade, ah querido, me toma.

Até tua voz me chama no iludir de meus ouvidos.

E por tu clamo,

No mais ameno sussurro.

Assim como tão hoje é o sentir de teus lábios.

Nada vai conseguir partir teu elo ao meu.

Apenas.

Mais tarde saberei de ti,

E eu...?

Assim tão tristia, evoco nosso jargão:

Te adoro amor!

Marinara Sena

12-10-12

21:44pm

Marinara Sena
Enviado por Marinara Sena em 12/10/2012
Reeditado em 12/10/2012
Código do texto: T3929626
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