IMEMORIAL.

Abro a porta

Para uns sonhos

Buliçosos, sonambúlicos,

Das retortas e dos alambiques

Ubíquos e ocos.

Sonhos dos dias foscos,

De sóis leucócitos,

Alvura cálcica dos ossos,

Restos de algas cáusticas

Que serpenteiam

Nas águas gélidas, ribonucleicas,

Dos abismais fossos da alma.

Que importa!

( Se abissais, fantasmagóricos,

Se imemorial e atávica lembrança,

Do primeiro homem nu

Sobre a primeva Terra , toda sua)

São apenas sonhos de outrora,

Da noite antiga e calma , chegando

Nos relâmpagos que saem dos dedos.

Como os pirilampos que reluzem

E são pedaços de almas

Que se despedaçaram no espaço,

São sonhos baços, esses medos!