Arlequim fragmentado

 

 


A lembrança é um remendo mal feito
para um espaço de inércia no peito.
Cai sempre mal o vestígio cerzido
que apenas sombra, não é mais tecido.

Lembrança engana como risco que escapa
do esboço caótico sob a tinta velha.
Lá era onde estava a verdade pura:
caminhos sem saída e erros de trajetória.

Um bodoir em preto e branco após a tarde,
não importa quanto do carmim espalhado.
Quando os olhos cerram para o mundo errado,
é que tudo faz sentido no tafetá do tempo.

Que os olhos não façam ruído algum
enquanto dorme o arlequim cansado.
Se houvesse uma cruz, um beijo ou um retrato,
ainda seria no horizonte oculto, um fio cortado.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 17/10/2012
Código do texto: T3938355
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