FIM DA HISTÓRIA





Depois da morte é desnecessária a poesia.
Os braços cruzados se recusam ao embate.

Uma inquieta escultura de sombra e silêncio
é a cruz que marca o fim da história.

Não é triste nem pavoroso, é só imenso.
Em breve o tempo também ocultará o caminho
com plantas bobas e ervas daninhas,
algumas flores e muitos espinhos.

E ninguém saberá que um coração intenso
pulsou no mundo e temeu a espera.
A paz que vejo escrita na pedra e no peito
é a mesma da boca que não justifica mais nada.

Se vai a alma e fica a escultura adiposa,
pouco importa, numa noite estrelada.
Lembrança também se oxida,
e o mesmo fim é o que aguarda toda vida,
no berço do início e no começo do nada.
EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 18/10/2012
Reeditado em 15/08/2013
Código do texto: T3939701
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