Cara Imensidão Negasta

cara imensidão nefasta

dedico estes versos a quem se afasta

no horizonte febril da vossa seresta

e que invada-me o socorro

daqueles que em vão carrego

no fulgor inconcreto da mecanicidade compassiva

sou lázaro clamando morte

à luz que não me socorre,

ou um embrião suicida ao clarão da sorte,

sou a prostituta que procura a cura

para a cura da doença que me porta

a clamar pela violeta lenta na violenta lenda,

sou o barro da misericórdia pacifista,

a merda que escorre dos bordões sinos de prata

a badaladas que debalde expõe nossas esperanças idólatras

vislumbro em deleite o crepúsculo comprobatório

da aniquilidade sombria dispersa

em vossa sordidez, óh! nefasta imensidão

em que trajetos e trejeitos

curvam a turva proporção

entre os dias e as noites

discorrendo estes sisudos versos

que em vão carrego meus lamentos

arquitetônicos da humanidade suja

conotando o efeito potrefante

em ardumes esbeltos

de poeira, cicuta e traços

na dialética sutura dos cortes

que esvai o sangue

para a seda e para o linho

em afônicos gritos

e tônicos sussurros

de inconformismo trépido