Contradições
Minha face lunar veste-se de tristeza.
Minha face solar tenta se alegrar.
Esta sou eu,
Estranhamente contraditória,
Peculiar, aleatória.
No baile de máscaras
Vou vestida de mim.
Só prá destoar...
E provocar.
Mas passei pelo salão,
E nem me fiz notar.
Porque todos sorriam,
E eu era a única
Que não achou graça.
Não gargalhei,
Não chorei.
Apenas passei
Com meu eu transparente
Como passam as nuvens
Levadas pelo vento.
E ninguém nota...
Apenas o poeta percebeu,
E tudo entendeu,
Porque o poeta interpreta
O silêncio que grita,
A dor que cala,
A tristeza vestida de ninfa.
Sua poesia consola,
E me faz sentir compreendida.
Mas minha face lunar prevalece,
E minha face solar finge que amanhece.
Porém, nos confins do meu íntimo,
Minha alma anoitece.