VALSA FANTASMA

 

 

 

Um landler deixou aqui sua marca,
conspirando para que tudo fosse valsa.
Uma tristeza ficou no canto, opaca,
iluminada pela vela que quase se apaga.
Todo baile prossegue e depois passa,
como o destino que sopra pelas trompas
e que divinamente desfaz os laços.
Pelos cristais e pela vidraça embaçada,
o dia denuncia a refração da luz,
e volta tudo a ser o mesmo estado anterior:
um baile da memória num casarão fantasma.
Quem dançava eram as sombras da noite,
e quem amava eram as memórias gastas.

E trate-se de recolher os farrapos,
antes que o tempo os espalhe pelo esquecimento.
Nenhum instante será tão longo e permanente
quanto o que sobra quebrado no peito da gente.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 21/10/2012
Código do texto: T3944888
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