Miscelânea de nós

Não sou pedra ou moinho

Nem tão pouco barbante

Que enrola o pão quente

Na padaria da esquina

Sou bordado de chuva

Que se esquiva na janela

Após o sentinela

Despertar no amanhecer

Não sou menina vazia

Nem quitandeiro ladrão

Sou fruto, imaginação

Que chora na madrugada

Sou o passado de agora

O presente de amanhã

O verbo que virou lã

Na caçarola da verdade

Não sou medo ou desejo

Nem as armadilhas do ego

Sou o personagem cego

Que se encheu de saudade

Sou a pestana do olho

Que agora te vê ao longe

O amanhã que responde

E se mostra no olhar

Sou e não sou o eu

Mesmo se me degolarem a alma

Sou e não sou tua calma

Misturando-me em total desassombro

Julia Rocha
Enviado por Julia Rocha em 23/10/2012
Reeditado em 20/04/2013
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