Sombras Passageiras...
Às vezes, a alma se entristece tanto,
que pensa que os pássaros fugiram,
que a noite é sem estrelas;
que a poesia sumiu do ar,
que os motivos se perderam...
E vem o pranto, levado para o verso,
a lamúria tomando forma...
e tudo mergulha num prisma de solidão e desamor...
Depois, a lua aparece no céu
e a Poesia a enxerga...
E o canto melancólico da poetisa triste
fica mais leve e consegue entender
que seu amado está do lado,
que não sumiu, nem levou sua ternura
para a rua afora, a permitir
tamanha angústia à mulher amada.
Nada aconteceu de fato e vieram os risos,
a melodia voltou, o seu amor estava ali,
nunca estivera tão próximo...
E os abraços afloraram, as bocas se buscaram
e o ar ficou tão enebriado,
porque perfumado com o aroma da mulher-flor,
que supunha que a noite seria triste,
porque a tarde foi, apenas, nublada
sem nenhuma explicação...