Arabesco Enluarado

Entre cacos do brilho tênue de um coração que se apaga

O aro prateado da lua hasteia no horizonte

As flâmulas da noite tremulam em desalinho

Uma explosão de dor ecoa na garganta da noite

Por um labirinto de arabescos negros flamejantes

Enormes pássaros inquietos saltitam de galho em galho

Fantasmas do efêmero enevoam a noite

Varrem com sofreguidão cometas incandescentes,

Rosas sedosas de um verdadeiro jardim de luzes

Enegrecendo a alma iluminada por antigos luares avermelhados

Sob a interferência do lírico amor, do medo e do pavor da perda

O poema ressurge nas aragens da dor, soluçando entre espasmos inefáveis

De olhos alagados de estrofes, de sementes invisíveis

O aceno negro floresce na consciência do amargo fim

Encerram-se as memórias sonoras do violino que entoava

Cantos harmônicos, alegres sonatas na enseada da ilusão

Secam as gotas mágicas que celebrei no frisson do teu prisma

A ardência das tuas setas queima a alma inquieta

Mas coroa com dardos de sol o jardim estéreo

Onde a poesia funde-se com lírios e memórias multicor

Revelando-me inteira perante a face monstruosa da tua insensibilidade.

(Edna Frigato)

Edna Frigato
Enviado por Edna Frigato em 25/10/2012
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