ALMOST BLUR
O tempo é uma acusação do relógio
em cujos escombros se arrasta a vontade.
são milhares de pulsações por segundo,
nesse sintetizador de percepções estranhas.
São os aparelhos cardíacos e tecidos rotos,
mimetizados na noite que precede a infância.
Invisível é a obstrução da fala,
um carcinoma de pura tristeza.
Os ossos quebrados e os juramentos
sobre espadas e livros sagrados.
Controle perdido sobre a verdade
que a face estapeia e lacera.
Não é choro nem música sacra:
é o que sobrou de um hiato na vida
quando a inocência se perdeu na maldade.
Agora trazem os peitos cheios de medo,
o indevassável da vida e setas envenenadas.