SEGUNDA PALAVRA DO CRUCIFICADO - OVERBLESS
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Se me rouba a solidão no teatro das virtudes,
Entendo a presença de apenas um dos lados.
O que estará onde deixei minha perdida forma,
Agora carne, lembrança e passado?
E o que digo é toda a verdade simétrica,
Expressa nas rugas plácidas de mulheres desconhecidas,
Que me tornaram o homem que sou eu,
O império da fala e a mecânica das orações perdidas.
E mesmo inerte, marcado e transformado,
Lhe atinjo o peito do lado mais esquerdo,
Quando com apenas um dos olhos despertos,
Prometo o fim para além dos versos inacabados.
Ultraje da vírgula e da tradução do passado,
Insinuação de bárbaros em templos artificiais,
Sobrevive ainda o amor feito de cacos,
Tão absurdamente triturado,
Pelos pés daqueles que sobre a terra choraram.
Mais que a mão e uma fenda que perfuram o céu,
Há meu corpo aqui dilacerado e o verbo,
Dizendo sem voz ao meu lado do coração desperto:
“acabou-se a dor, o seu amor está salvo”.
Game over.