caixa de skinner

as manhãs são compartimentos

hermeticamente fechados

onde não conseguirei o que quero

carrego uma subjetiva ogiva

em meu estômago que explode

nos discursos que vomito

em ouvidos surdos

quem há de me ouvir no front

se todos os símios em linhas

ignoram o verbo fundo

e o sistema está entregue

a quem desistiu de revoluções

feliz de Che assassinado antes

e não há um click mágico

para tirar do transe

abrir os olhos

ou desfazer o silêncio

a inutilidade da palavra reforça

a frivolidade do verbo

quis que por detrás

de alguma porta

existisse a parte que nos falta

se é que nos falta algo

somos apenas reféns do excesso

autarquia da inércia

pregando a sanidade

e fotografias austeras e sorridentes

nas paredes da sala de estar

Larissa Marques
Enviado por Larissa Marques em 28/10/2012
Código do texto: T3956360
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