MEIA-NOITE

Naquela meia-noite, trouxe-te para abaixo da janela

e em grácil vestido te encontrei tão bela.

Beijei teu pescoço e contigo ali fiquei

intimamente murmurei, quanto apreço por ti criei.

Trago impresso na alma, meiguice da voz tua

e a imagem do teu busto desnudo à luz da lua.

Não posso esse pedaço de vida esquecer

suponho que ainda morto, em mim irá viver.

No idílio inocente daquele beijo furtado

ardendo dentro da gente, com fogo mais sagrado

jurei pra mim mesmo, essa loucura resistir.

Distância de você, manterei até partir.

Porém, no dia seguinte, na sensação do beijo, no lume do tesão.

Num sonho, num desejo, falou-me o coração:

Teus atos indicam que o juramento tu queres cumprir.

Mas retirar ela dos teus sonhos, teus desejos? Desiste! Não vais conseguir.