O HOMEM DO MAR
CADERNO AMBULANTE
O HOMEM DO MAR
Quatro horas da tarde
o Sol vai-se pondo
o vento soprando
a maré está cheia
o mar não estar pra peixe
só amanhã
se o tempo mudar
ou se Deus ajudar
informa o "Seo Nino"
um pescador de olhar perdido no horizonte
uma casa na areia coberta de palhas
barcos, jangadas
crianças a jogar pelada
já umas outras
a dar pedradas
completam o cenário a cantar
enquanto uns conversam
outros içam velas
e lançam seus barcos no mar
os ventos balançando
os cabelos negros da linda morena
que anda de pés descalços na areia
vai anoitecendo
e todos procuram de logo
o seus lares
já é noite
e o cardume não surge
o jeito é ter calma
e esperar a maré a baixar
voltando de novo
como homens do mar
voltando novamente
para peixes fisgar
mas fiquem sabendo
só se o tempo mudar
ou se Deus ajudar
pois a maré não está pra peixe
e o peixe não quer se entregar.
Ilhéus, Agosto/1979 - Ba.