Promessas Desfeitas

Nos corredores do coração

Pulsam passos outrora trilhados

No corpo, carícias e arrepios

Já não acordam os dias presentes

A pressa do tempo retalhou a fantasia

Em farrapos de horas gastas

Rasgos de melancolia e dor

Nas gavetas, o passado contempla-se

Bilhetes, alianças, juras puídas

Certidões que oficializam

Intenções agora esquecidas

Rangem vestígios de mim e de ti

Como se pudessem trazer

Num espalmar de mãos

Os dias de sol, os sonhos

Entre as páginas de um livro

Uma pétala que insiste em existir

Marcando com aroma de sorrisos

Uma frase que soletrava

A intensidade do amor vivido

Como se ainda fosse possível

Despertar cada uma das palavras

Que em algum momento

Tiveram qualquer sentido

Talvez tente flagrar a nostalgia

De uma confissão ou sussurro

Tão próprios dos amantes

Como se fosse possível conter

A promessa de eternidade

No coração que um dia se percebeu

Habitando-se sempre em solidão

Talvez tudo isto ainda espere

Pela saudade que já não sinto...

Fernanda Guimarães

www.fernandaguimaraes.com.br

Fernanda Guimarães
Enviado por Fernanda Guimarães em 02/08/2005
Reeditado em 25/08/2008
Código do texto: T39628