A Cidade

Chega a noite, finda a guerra diária.

É preciso enterrar os mortos, a vida continua

Mais morta que nossos carros.

Mas há alguém que não dorme,

Alguém que, velando, mantêm o real.

Dormir é turvar a realidade,

É encontrar razão no não-ser.

Na noite, onde as leis falham,

Onde a quântica não chega,

Onde “deus está morto”,

Há um homem que vive,

Que chora e que ama

E que olha o mundo

Do alto de um edifício

Por uma janela escura.

Julho de 2006