Na minha lápide**

Aqui jaz um grande poeta.\ Nada deixou escrito. \ Este silêncio, acredito, \ são suas obras completas. (Paulo Leminski)

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hoje, o ouro não veio

amanheci bebendo na cuia inspiradora

para ressuscitar meu devaneio;

amanhã, quem sabe

acordados pelo sabre da indignação

não virão outros poetas-mortos

anunciar minha perdição.

pobres felizes poetas mortos

que esqueceram ouro, prata...

não mais se saciam em lata

e anunciam na minha lápide

a nossa indignação.

aos que sugam os últimos ares

fica o ouro da moeda dos tolos

para o barqueiro de prontidão.

por enquanto, no canto

flameja luz de antigas ceras

em riituais de salvaçao.

Rezemos, então....!

Kal Angelus
Enviado por Kal Angelus em 02/11/2012
Reeditado em 03/11/2012
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