SALVAÇÃO DO SILÊNCIO

Me sinto meio louco.

Loucura. O mundo louco.

Os sons e imagens fundam o mundo tecnológico.

Turbilhão em movimento. Em linkadas

Mas,

Estou incomunicável,

Em paradoxo, pois

Escuto o barulho do mundo que não me comunica mais.

Sinto, apenas, o desconcerto do mundo (camonianamente).

Vozes me falam ao ouvido em distâncias mínimas

Esforço-me para atendê-las,

Para ouvir. Estranheza.

O problema sou eu.

Tem que ser eu.

Um carro, apenas, na contramão? Impossível.

(Ou fato literário.)

Tenho consciência do fato

Não estou ou sou inocente.

Visão adâmica: castigo certo

Parece-me o pecado. Comunicar-me

Ser comunicado. Estar comunicando.

O silêncio me preenche.

Não há trocas.

Tudo me choca no silêncio da vida.

Simples questão de entender?

De entrar no jogo pós. Não sei.

Não sei ou sei: espaço em branco do entendimento, da ligação ao mundo – ação fundante de sentido.

Sentido, pois: quero construir.

Mas o mundo é em calma e silêncio

Em uma realidade:

Global

Internética

Conectada

Computadorizada

Sinto-me, apenas:

Um estranho na rede (no ninho, tempos pós!)

Não há mais cobranças,

Reclamações,

Desejos,

Buscas,

Vontade.

Hã um eu: só

Alguns diriam: então, morrer.

Também não consigo

Pois, mesmo no vazio, no escuro

Enxergo: a saída. A salvação.

A palavra.

JAMERSON SILVA
Enviado por JAMERSON SILVA em 06/11/2012
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