As crianças mortas

Eu tenho pena de você

que fez das suas pequenas obras falseadas motivo de aplauso e contentamento,

que usurpou o seiva mais preciosa de uma sóbria alma,

que arrasou a mais magra criança,

que tirou apenas a esperança,

que fez para si um castelo e para outrem um pesadelo.

Eu tenho pena de você,

alma vil e inútil, que em nome do próprio fomento,

fez luz em treva, plantando discórdia e desunião.

Frias madrugadas uma criança sem lar, sob sua custódia, aprendeu no sofrimento o desgosto de amar.

Por sua causa, alma devassa, ela aprendeu sobre o mal, desenvolveu as capacidades de baixeza e furor.

Por sua causa, alma torpe, ela perdeu o encanto da vida, perdeu sua natureza e seu brilho, perdeu sua identidade e alma, se perdeu e não mais se encontrou.

Eu tenho pena de você,

alma imunda, que usou o pequeno para o bem próprio.

Se elevou muito...

mas quantas almas foram preciso para isso?

quantas mães não choraram?

quantos pais em pranto não estiveram?

quantas famílias não se dissiparam?

quantos ao se desesperam não se contiveram?

Alma peçonhenta!!

Tu, ainda nesta vida, irás provar dos teus próprios venenos.

Tu, que se achas medianeira, irás arder em pleno inferno!!

Tudo porque tinhas a avareza como amiga!!

E cega ficastes, e cegas morrerás, pois a tua peste é turva.

Além de não ter mais redenção, será o motivo para o teu nome virar nomenclatura de demônios.

Numa noite em vigília,

estão juntas 70 mães,

clamando a morte daquela

que a vida lhes roubaram.

Clamam pela morte, no entanto,

mesmo assim, depois disso,

os seus filhos não ressuscitaram.

Olavo Barreto
Enviado por Olavo Barreto em 07/11/2012
Código do texto: T3972835
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