Fui uma lagartixa

Fui uma lagartixa

assim pequena, assim noturna,

mas de olhos grandes, velozes,

daqueles que observam e não falham.

De mãos que prendem, que grudam, que aderem

à mínima saliência da vida que desliza

no quando, no onde, no como e no por quê,

prendiam-me à existência dos espaços livres,

entre ramos e ramas, novo embarque.

Hábitos noturnos, de cabeça para baixo,

enxergava direito o mundo avesso,

avulso, em convulsão.

Daquela aventura errante, insipiente

restou-me a lembrança das cores,

das formas e contrastes,

saltando versos livres, delirantes, esbugalhados.